Ainda não comecei a escrever meu novo diário. Por algum motivo, ando sentindo atração pelas palavras escritas aqui nesse blog, depois de tantos anos. Ando querendo retomar minhas memórias, quero rever toda minha vida a partir dos diários antigos; ao mesmo tempo que é excitante, é também amedrontador. O que será que o passado tem a dizer sobre mim hoje?
Imaginei um altar a mim mesme, como uma biblioteca da minha vida. Seria bonito. Todos os diários, um do lado do outro, sendo livros como uma série a ser explorada do início ao "fim", sendo o fim, o presente. E que presente. Sinto que é isso mesmo a minha vida agora, um presente que me dei a mim mesme. Um presente artesanal, que fui construindo com o tempo e minhas vivências. E que lindas vivências, mesmo as mais sofridas me trazendo belezas, ternuras, aprendizados e tudo o que sou hoje. Esse tudo que tanto gosto.
Mas tem algo que preciso deixar morrer, e talvez esse reviver do passado seja parte importante do processo. Talvez esse algo seja tão antigo, que mal percebo sua existência. O que será? Parece que as respostas estão em grutas profundas, aguadas, com estalactites e estalagmites, pingando das pontas, sublimando, refletindo, um lugar que parece que conheço de uma meditação guiada que fiz certa vez. O espaço com as pedras, cujas raízes da árvore que eu era se enozavam e que me fizeram chorar naquela primeira vez que visitei esse espaço na minha mente. Essas lágrimas talvez ainda estejam lá, talvez ainda estejam aqui apesar dessa minha felicidade contemporânea. Tem coisas mais fundas do que posso imaginar. E preciso trazê-las à tona.
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