Em outras viagens, pensei sobre como as metrópoles são homogeneizantes. Conhecendo Porto Alegre, fui pra Buenos Aires e achei uma Porto Alegre maior. Indo a São Paulo, me pareceu a mesma coisa só que maior ainda em alguns aspectos. Me sinto em casa em lugares assim porque me é tudo familiar, mesmo com particularidades. Porto Alegre tem o diferencial de ter um lago, os prédios modernos e antigos não são tão grandes, a urbanização foi bem irregular e construções clássicas e modernas, pequenas e grandes, coloridas e grises, altas e baixas, convivem num mesmo espaço. Em Buenos Aires é tudo extremamente grandioso e mais ou menos contemporâneo em unidade, sendo todas as construções igualmente magnânimas e antigas; as ruas principais são muito largas e compridas, enquanto as outras são muito pequenas e estreitas. Já São Paulo é grandiosa de outra forma, a maioria dos prédios é excessivamente alta e relativamente estreitos, a maioria modernos, entre os quais corre um trânsito caótico como o de outras metrópoles. Semelhança entre São Paulo e Buenos Aires é que nas duas não pega sol nas ruas devido ao tamanho das construções, o que me incomoda muito.
Apesar das diferenças, são relativamente iguais em suas lojas, restaurantes, supermercados, praças, carros, pedestres, murais pintados, pixos, outdoors, coisas pra fazer. Parece que as metrópoles falam a mesma língua, parece que as metrópoles são como as farmácias São João, com um roteiro exato de como se estabelecerem. Inclusive, há muitas redes de comércios estabelecidas, que tende a homogeneizar tudo. Não gosto disso, mas me é familiar. Estando na Bolívia, percebi que acabo sim gostando dessa homogeneização, justamente por me fazer sentir em um lugar seguro.
Aqui é tudo diferente e fora dos padrões do que me é conhecido. O comércio informal domina tudo, e nos lugares mais estabelecidos não existe o padrão de onde estarem as coisas. Não existem também as mesmas coisas, o que é muito bom, mas me estranha. Quando chegam as dificuldades, só quero que tenha algo familiar pra poder me apegar e sentir tranquila. Não sei onde encontrar o que preciso, me sinto perdida ao ver tanta feira tanto objeto aleatório tanta comida tanta cor tanto grito tanta gente. Me dá vontade de fugir e não consigo nem apreciar a diversidade, a novidade de algo que sei que é tão lindo mas que acabo não conseguindo admirar.
Era exatamente o que eu queria, vir pro lugar mais distante e mais diferente quanto possível, mas agora, aqui, me é muito custoso. Me assusta, ao mesmo tempo que é exatamente o que eu buscava. Gosto da mudança, mas sou resistente. Exercitar a paciência e a abertura são meus desafios.
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