sexta-feira, 16 de junho de 2023

Borda.

 É estranho o sentimento de não estar em nenhum lugar. Já não vivo em Porto Alegre porque minha intenção tá longe, mas não vivo ainda em nenhum lugar diferente daqui porque é onde meu corpo repousa e se move. Não sei como fazer pra conciliar cada coisa em seu lugar, o corpo e a ideia em coabitação pra dentro e fora da minha pele. Nem minha língua é a que quero falar, penso e tento escrever em espanhol, mas as frases me travam e percebo que não consigo me expressar o suficiente. E é um momento em que, especialmente, preciso me expressar, porque é tanta novidade que não posso deixar que as palavras me fujam justamente nesse momento da vida. 

Onde eu to, se é com ânsia de sair de um lugar e com medo de chegar no outro? Como eu tô, se o que vivo não é nem o que me acontece e nem o que me vai acontecer? Tô sentindo nesse meio termo, nesse espaço em que nem subo nem desço, nem entro nem saio, como se estivesse flutuando à espera. E ao mesmo tempo, mais do que nunca, precisando agir, porque nada se resolve sozinho, nem a vida de cá e muito menos a vida de lá. Sigo esse caminho por la orilla. 


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