Sempre relacionam pássaros a liberdade, e aí está algo que não entendo. Aonde está o ser livre onde há ações apenas por instinto? O que torna o voo livre, quando não há outra escolha além dele? Dessa forma os peixes também seriam sinônimo de liberdade, mas não o são, pois estão presos em determinada quantidade de água, sem mais escolhas. E os pássaros, não estão eles também restritos, mas a determinada quantidade de ar? Não seríamos, assim, nós, humanos, mais livres que ambos, por termos os três planos disponíveis para vagar, água, terra, ar? E, além disso, também a possibilidade de ir para o espaço? Mas somos nós presos em nossas mentes, em restrições. Entra para o plano da moral, não poder fazer algo, mas querer mesmo assim, por ser sinônimo de liberdade. Os pássaros não são livres. E, se voássemos, não seríamos livres também. Teríamos que tomar cuidado com diversos fatores, ainda teríamos nossa vida e nossas obrigações, nossas preocupações, e com essa realização surgiriam novas vontades, pois nunca há a satisfação. Se voássemos com os pássaros quereríamos nadar mais fundo que os peixes, e nossa liberdade seria cada vez menor, pois se criaria a ânsia de ser mais livre, mesmo que em conceitos estranhos, difusos. A verdade é que a liberdade é uma ilusão. Podemos metaforizar o voo como tal, pensando em flutuar sem pensar em nada, em ter nada o que se importar, mas sabemos que isso é mentira, que a mente pode flutuar e passear por onde bem entender, os pensamentos, mas mesmo assim estão presos a pré conceituações. A liberdade é uma ilusão. O que é a liberdade? Não sei. Não é voar. Não é nadar. Não é vagar sem rumo. Pode ser, talvez, a solidão, mas não somos livres de nós mesmos, nem livres de nossos planos, livres dos outros, livres da vida. O que torna uma ação mais libertadora que outra? O que torna o voo tão importante sinônimo? A diferença. O pensar que somos nós os presos, e, por isso, qualquer coisa diversa de nossa realidade será bom, será libertador, mesmo que não seja verdade, e a verdade é que não é.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Resumo de um passeio a lembranças alheias com sentimentos próprios.
É tão triste alguém trocar as lembranças pelo material. Trocar o que já foi parcialmente esquecido pelo que será quebrado e destruído, pra logo depois ser trocado. Mas as memórias, essas não. Elas podem ser trocadas, sim, mas sempre terão acontecido, e sempre serão mais importantes de serem lembradas. Já algo material, que também causa uma lembrança, é algo tão vago e passageiro que, quando for desfeito, não fará falta, pois já haverá outro substituto. Lembranças podem ser substituídas, mas nunca será igual. Por mais parecido que seja, cada uma é diferente; todas têm suas sensações específicas, sua profundidade, sua importância. Tudo o que pode ser refeito, recomposto, mudado, substituído, não tem valor o bastante. Tudo desse tipo não pode ser eterno, não durará para sempre. Porém, as coisas que nos acontecem ficam sempre em nós... por mais que esquecidas, em alguma parte de nosso ser ainda estão. Quando relembradas, ah... aquela vontade de vive-las novamente, senti-las, ou simplesmente vê-las exatamente como foram, o que nos causaram... Mas na cabeça ocorrem mudanças. Nunca se lembrará de algo totalmente certo. Os desejos têm o poder de modificar as lembranças. As idealizações, tudo, tudo, faz o passado se modificar. Quando algo acaba mal, por melhor que foi, fica com a impressão de ruim, apesar de não tê-lo sido, e isso não tem o que mude. Só a revivência, que é tão improvável. São tão tristes memórias esquecidas, partes do nosso ser simplesmente esvaídas por outras. Sendo trocadas, desvalorizadas, apesar de toda sua grandiosidade. Acabam chegando ao estado das coisas materiais... Mesmo sendo tão melhores! O que é o material perto do imaterial? Do metafísico? Do espírito? Do imaginário! O que é? Nada! Mas são tão poucos com esses pensamentos que acabam se tornando comuns, e os que não valorizam o físico tachados de loucos. E o que traz sensações? As montanhas, o vento! A grama a balançar, uma vaca a ter bezerro, uma casa antiga... Uma casa antiga não visitada por medo de estragar um carro! Uma lembrança deixada de ser revivida por algo efêmero e fútil, fazendo parecer o contrário... O efêmero e fútil trocado pela totalidade. Não, a totalidade, não! Isso me entristece tanto. As mudanças de princípio, os valores da sociedade... Tudo do avesso. Tudo do avesso... E sem ter como modificar. Mal existem lugares para me exilar, longe deste povo desevoluído; independente de para onde eu for, terão barulhos de carros, pessoas barulhentas mexendo em seus celulares, pensando em comida, em roupas novas, querendo fazer dinheiro, sem pensar no que realmente importa. E o quê? Elas mesmas! Elas não são feitas do material, mas esquecem. São todas dominadas pela publicidade, pela vida na cidade, e esquecem de exercer suas habilidades de existência, pensam que vivem, mas estão apenas sobrevivendo, e da pior maneira possível! Que vida fútil é esta, vivendo em um quadrado de tijolos? Cheio de fios e ondas eletromagnéticas? Sem o contato com a natureza, que faria de todos tão melhores... Assim todos se tornam fracos. Pensam apenas em si mesmos, fazendo de si o centro de tudo. Quando algo acontece, é levado como o fim do mundo. Tristezas sem motivos, decepções que não precisariam existir, se a vida fosse levada, e simplesmente levada, deixando tudo fluir... Mas, desse jeito, o que flui? O que é realmente ser evoluído? Ter o celular mais moderno, as roupas da moda, um computador de alta qualidade, ou poder deitar na grama de um lugar silencioso, olhando para o céu e refletindo sobre a existência, tentando crescer? Todos envelhecem, morrem, sem viver. Sem inteligência, sem opinião própria. Morrem com choros, e apenas consigo mesmos. Depois são esquecidos, simplesmente, a nunca mais serem lembrados. Algumas flores levadas, mas vindas de onde? Do dinheiro, da loja, e não do coração. Um ato simbólico, e não realmente sentimental. Assim será devorado pelos vermes, eles que, sim, terão uma vida melhor.
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