sábado, 25 de maio de 2024

Tem lugares.

Tem lugares em que a gente seca,

Tem lugares que a gente mofa.

Onde seca, primeiro traz a surpresa: tu não sabe que vive em um lugar úmido até que sinta la sequedad. Mesmo se chove - sempre por poucos minutos uma garoa quase nula - as roupas secam no varal. A roupa seca, a pele seca, o alho seca, o olho seca, a terra seca. O ânimo seca, enrijece, endurece, o sentimento emudece. E, se molha, é demasiado mas logo escorre e passa, seca. Tudo seca, racha, quebra, é solitária a sequidão. Sin ganas, sin fuerzas.

Onde mofa sempre foi corriqueiro, normalidad. Perceber o mofo como algo distinto, entender a origem do mofo, a umidade. El moho desintegra, desjunta, despega, é um excesso oposto à solidão, é tanto, espécies, cores, efeitos, cheiros, esporos, é tanto. O ânimo derrete, se desfaz em uma dispersão imensa. Onde mofa é velho, passado, excesso. O que falta e o que sobra.

Sinto falta da secura, mas quando estava nela, sentia falta do que molha. Os seres vivos del moho tem ali algo de vida, de vivo, de vital, que o que seca não traz pues queda estéril. O úmido é vivo, até demais. De águas encharcadas vem lixo que não acaba, real e metafórico. Do vento seco a poeira, da enchente, a lama. Ambos não se acabam nunca. Ambos são fluxos que carregam algo de ser. Ambos são dor.